Sem meus Pais…

A tia Claudia nunca foi uma boa pessoa, mãe, muito menos uma boa tia. Sempre arrogante, dona da razão, impiedosa, muito rígida com os filhos e sobrinhos, rancorosa e ambiciosa, muito ambiciosa… só pensava em dinheiro e em ser rica. Tinha três filhos (um de cada pai), e nunca conseguiu um casamento sólido, feliz e muito menos um homem rico. As três gestações foram indesejadas, mas como o que importava para ela, era o dinheiro, a pensão alimentícia, casar-se era o de menos.

Morar na casa da tia Claudia não foi tarefa muito fácil, alias, foi uma prova muito difícil de passar, mas graças à minha irmã, que me ajudou incondicionalmente até minha definitiva recuperação.

Minha irma Maria começou a trabalhar como recepcionista de uma pequena imobiliária do Bairro que morávamos. Emprego conseguido por uma vizinha. Ainda tinha três anos de escola pela frente e meu maior sonho naquela época era completar 18 anos e sair daquela casa com minha irmã. Até que ela arranjou “o amor da vida dela” e foi embora, quer dizer, foi morar com ele. A Ana (a fugitiva rsrs), nunca mais tivemos notícias, depois que ficamos sabendo que ela havia ido morar no Rio de Janeiro com o namorado e três amigas. Meus irmãos gêmeos continuavam morando na mesma casa alugada por meu pai e estavam indo muito bem no trabalho, um deles já havia até sido promovido a supervisor em menos de 2 anos na empresa. Sempre que dava nos encontrávamos, foram os únicos que ainda não havia me abandonado.

Tive que aprender a caminhar com minhas próprias pernas. Não tinha apoio de ninguém, pelo contrário, minha tia só dificultava minha vida. Eu tinha que lavar, passar, cozinhar para todos, levar e buscar meus primos na escola, ser babá enquanto ela ia para as festas, não tinha tempo para me dedicar à minha escola então ela me deu duas opções: “ou a escola ou um teto!”… Optei pelo teto, já que não tinha para onde ir. Consegui pelo menos concluir o primeiro ano do ensino médio e definitivamente passei a ser sua empregada doméstica, quer dizer, sua escrava doméstica…

Um belo dia resolvi mudar (parece letra de música…rsrsrs), estava cansada daquela vida sofrida, sem amor, carinho, sem crescimento, aliás ela era minha tia, eu não havia feito nada para me odiar tanto, apesar de saber que ela odiava o Mundo e descontava todas as suas mazelas em mim… Dois anos depois, aos 17 anos fui morar com meus irmãos. Me aceitaram de braços abertos. Tia Claudia bem que tentou me levar de volta para casa mas meus irmãos à ameaçou procurar a justiça e denunciá-la por abandono de incapaz, já que sempre fugia à noite para as suas noitadas e deixava as crianças comigo…

Senti que minha vida estava começando a melhorar…