A volta e Tragédia

Como se não bastasse abandonar tudo o que meus pais já haviam conquistados na Capital, tivemos que passar por mais um problema que não estava programado. Meus irmãos, já maiores de idade e responsáveis por suas vidas (segundo eles), estavam gostando muito da independência e dos atrativos da cidade grandebateram o pé firme e não aceitaram voltar para Borá. SEndo assim, assumiriam o aluguel da casa e continuariam a trabalhar na fábrica. Minhas irmãs, tomaram uma atitude mais drástica: uma fugiu com um namorado que nem nós conhecíamos e a outra como no próximo mês já faria 18 anos, decidiu morar com a nossa tia, ajudando-a a cuidar da casa, e dos filhos da mesma.

Papai sofreu muito com essa divisão na família, foi muito difícil irmos embora deixando metade de nós em São Paulo.

Assim, pegamos o ônibus e voltamos para Borá… A partir daí só me lembro acordando em uma cama de hospital, entubada, os meus irmãos ao meu lado, chorando muito, minha mão esquerda muito ferida e minha perna engessada. Acordei dias depois….

Uma semana depois do acidente que levou embora meus amados pais, emfim, acordei. Me contaram tudo o que aconteceu: lembro que estava chovendo muito, o onibus derrapou na pista….e acordei no hospital uma semana depois. Meus pais e mais 20 pessoas não resistiram aos ferimentos. Não acreditei no que estavam me contando, pensei que era um sonho…queria que fosse um sonho, mas infelizmente eles se foram e me deixaram sozinha, abandonada, sem forças para continuar. Meus pais eram tudo para mim, mas Deus quis assim.

O acidente havia sido à quinze minutos de São Paulo e todos os envolvidos foram encaminhados para o hospital geral da cidade. Fiquei uns 15 dias por lá, e quando finalmente estava 60% recuperada, voltei para casa. Não para minha, mas para casa da minha tia. Não tinha para onde ir…era menor de idade…não podia ficar com meus irmãos, minha única opção era minha tia.

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